mais uma vez o cheiro de nostalgia de tempos ingênuos.
fenômenos corriqueiros da natureza, com as cores da infância.
dessa vez a chuva.
cada gota de chuva que cai é um evento mágico. ímpar. formato único, intensidade única, sonoridade única.
essa diferença dos sons muito me intrigava, mas não demorei para descobrir o motivo.
evidente que se tratava de algo que interferia no trajeto da chuva, e desviava as gotas antes de elas atingirem o solo.
o que? não! a pergunta é: quem? sim! quem! os pequenos coletores de chuva. minúsculas criaturas, parecidas com gnomos, com seus capuzes e seus rostos rosados, que migravam de tempos em tempos para onde delas precisassem.
nas tediosas tardes chuvosas, para cada tonalidade distinta que escutava, presumia os diferentes movimentos feitos por elas para receber as gotas. imaginava os pequenos recolhendo os pingos de chuva como em um jogo lúdico, uns desafiando os outros: quem pega a gota mais distante, quem arrecada a maior quantidade; ou ainda tentando extrair de cada pingo um determinado som, através de diferentes formatos feitos com as mãos, a fim de criar uma melodia. pensava no quanto se divertiam com a arte de coletar chuva.
ora, nada no mundo vai para lugar nenhum sozinho... e estes pequenos, com estripulias e travessuras, captavam tudo que podiam, e devolviam a chuva para onde era lugar dela de direito.
nobres criaturas essas.
sempre quis conhecer elas.
ágeis, divertidas, e o melhor de tudo, não-humanas.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
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