terça-feira, 30 de setembro de 2008

piratas?

ora... quem disse que não há piratas nos dias de hoje?
para mim é bem claro que existem, mas ao invés de serem piratas dos mares, são na verdade piratas urbanos.
surrupiadores de toda laia.
aliás, estas são criaturas constantes nos meus sonhos, como protagonistas de uma série. não passam de uma versão moderna dos velhos lobos dos mares, incluindo alguma burocracia.
no meu universo onírico funcionam de forma curiosa: são divididos em grupos. cada trupe é responsável por determinada área da cidade, e pode tirar de cada casa certa cota em itens de sua livre escolha. de tempos em tempos aparecem, invadem a residência sem nenhum tipo de cerimônia como se fossem funcionários a fim de cumprir seu dever, e começam a confiscar o que lhes apraz, sempre respeitando a estranha cota.
em uma das vezes foi diferente.
ao invés de recolherem objetos da minha casa, um dos mandantes viu meus quadros na parede, e resolveu que eu teria que pagar através de pinturas que faria especialmente para a sede dos piratas urbanos. para isso tive um prazo insano, algo como dois ou três dias para produzir painéis enormes, que obviamente deveriam agradar, senão provavelmente algo ruim aconteceria comigo.
a entrega foi a parte mais escalafobética. era em um lugar afastado, como se fossem pavilhões de uma fábrica abandonada, mas tudo muito bem cuidado e decorado. depois de andarmos por um infindável labirinto de imponentes portas e fechaduras por todos os lados, chegamos ao chefão, que me recebeu de forma respeitosa e amigável, conversou sobre amenidades e agradeceu pelo trabalho. enquanto me retirava do recinto, continuou fumando seu charuto, muito bem aconchegado em sua poltrona.
alguém arrisca uma interpretação?

domingo, 28 de setembro de 2008

glamour?

volta e meia penso na barbaridade que é a influência da televisão na vida das pessoas, o glamour envolvido nesse mundo.
imagino que, se um funcionário pedir para sair duas horas antes de seu horário regular para ir ao médico, possivelmente o chefe olhe de cara feia, diga para não arranjar desculpa para faltar o trabalho, e talvez negue o pedido.
se esse mesmo funcionário requisitar uma semana de folga porque vai precisar viajar a fim de participar de um programa de televisão, não é provável que o chefe olhe para ele exultante e empolgado, fique interessado no assunto, e ainda deseje boa viagem?
ou será que eu to é muito maluca?
como diria Michel Melamed, cidadania é como um ator da globo é tratado na rua.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

verde?

que as coisas não são como parecem já é lugar comum por aqui. mas, agora tá passando dos limites! por questões de monopólio cromático a fantasia tá se saindo demais pra cima da realidade.
o que passa?
ora, o verde tá tomando conta da minha família! sim, aos poucos ganhando espaço e se infiltrando, de mansinho.
por dois dias escuto os intrigantes relatos dos sonhos da minha mãe, de duas noites seguidas. o primeiro com um papagaio, obviamente verde; o outro com um condomínio de casas, também verdes. agora conta nos dedos quantas vezes sonhou colorido!
alguns dias depois, almoçando em um lugar não convencional da casa, vejo atrás dessa mesma mãe uma infinidade de cabos de vassoura. é claro que, sem nenhuma exceção, da cor verde.
no mesmo dia acontece de novo, quando o pai, marido dessa mãe, chega em casa. seria surpreendente se não fosse como foi. figurino composto por camisa e blusão verdes.
nessa semana, completei um campo de futebol de reflorestamento pelo clickarvore. não, não é alucinação. é possível, além de ser politica e ecologicamente correto. e grátis. aqui tá a prova:


ontem fui comprar uma ampola de vitamina E, pois, qual é a cor do conteúdo da ampola? verde.
por último, como se não bastasse, depois de um longo debate sobre a futura cor da casa, qual foi escolhida? o verde! é claro!
eu não acredito em coincidências.
sabe-se lá onde isso vai parar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

ruas?

isso é tão estranho.
nascemos em um lugar. nos criamos neste ou em outros lugares.
temos nossas experiências, descobrimos coisas, nos aproximamos do mundo.
conquistamos amigos e alguns inimigos. colecionamos vizinhos e conhecidos.
passamos por tudo isso em locais que têm nomes. muitas vezes, esses são nomes próprios. pessoas de relevância social que tiveram uma rua, uma praça, ou até mesmo uma cidade contemplada com a sua graça.
o engraçado é que passamos fazendo referências à essas pessoas a vida inteira, e na maioria das vezes nem sabemos quem elas são.
isso sempre me incomodou.
moramos no nome de alguém, afinal.
tem que existir alguma ligação.
será?

terça-feira, 16 de setembro de 2008

futuro?

é meu dever relatar o acontecido.
hoje tive a prova de que o mundo não funciona como o imaginamos tradicionalmente.
fato!
por algum motivo fui olhar o relógio do meu celular, e ele marcava 21h03.
em alguns instantes recebi uma mensagem. nesta, o horário que constava era 21h15.
estranhei.
não me pareceu que tivesse passado tanto tempo assim, e resolvi conferir o relógio do celular.
pois bem, este marcava 21h05.
o que tudo isso quer dizer?
ora, é simples: recebi uma mensagem do futuro!
é. bem-vindo ao meu mundo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

gotas?

mais uma vez o cheiro de nostalgia de tempos ingênuos.
fenômenos corriqueiros da natureza, com as cores da infância.
dessa vez a chuva.
cada gota de chuva que cai é um evento mágico. ímpar. formato único, intensidade única, sonoridade única.
essa diferença dos sons muito me intrigava, mas não demorei para descobrir o motivo.
evidente que se tratava de algo que interferia no trajeto da chuva, e desviava as gotas antes de elas atingirem o solo.
o que? não! a pergunta é: quem? sim! quem! os pequenos coletores de chuva. minúsculas criaturas, parecidas com gnomos, com seus capuzes e seus rostos rosados, que migravam de tempos em tempos para onde delas precisassem.
nas tediosas tardes chuvosas, para cada tonalidade distinta que escutava, presumia os diferentes movimentos feitos por elas para receber as gotas. imaginava os pequenos recolhendo os pingos de chuva como em um jogo lúdico, uns desafiando os outros: quem pega a gota mais distante, quem arrecada a maior quantidade; ou ainda tentando extrair de cada pingo um determinado som, através de diferentes formatos feitos com as mãos, a fim de criar uma melodia. pensava no quanto se divertiam com a arte de coletar chuva.
ora, nada no mundo vai para lugar nenhum sozinho... e estes pequenos, com estripulias e travessuras, captavam tudo que podiam, e devolviam a chuva para onde era lugar dela de direito.
nobres criaturas essas.
sempre quis conhecer elas.
ágeis, divertidas, e o melhor de tudo, não-humanas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

espelho?

qual a função de um espelho?
o espelho reflete a imagem do que está à sua frente. até aí tudo bem.
o que me confunde é a interpretação dessa imagem. não entendo o que as pessoas vêem no espelho. tampouco entendo o significado e a função dessa visão.
para uma pessoa que vê seu próprio reflexo, só faz evidenciar seus traços psicológicos. seja uma pessoa confiante e narcisista, que se vê muito bonita; seja uma pessoa depressiva e insegura, que se percebe horrenda.
a mesma imagem refletida, vista por outro espectador que contempla quem está diante do espelho, não altera a real percepção que este observador tem sobre a pessoa refletida. além disso, as concepções sobre esta imagem são variáveis, e as opiniões do refletido e do observador podem ser semelhantes ou antagônicas.
o que não se pode negar é que o universo significante é altamente variável de uma pessoa para a outra, e a mesma imagem pode ter significados diversos, principalmente porque quando vemos a imagem de uma pessoa associamos a ela uma série de fatores psicológicos, assim como a própria pessoa refletida o faz.
o mais perto que chego de uma conclusão é que, a imagem refletida tem várias formas de ser interpretada. e, na verdade, quando nos olhamos no espelho não nos vemos, mas sim nos projetamos nele, seja individualmente ou socialmente.
então, me pergunto, de novo: qual é a função de um espelho?
tudo é uma questão de identidade e alteridade.
mas isso já é uma outra história...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

grafia?

sempre me cobrei muito em relação à minha grafia. nos anos iniciais da escola os caderninhos de caligrafia não me davam motivo para orgulho. mas, claro que não era nada absurdo de feio, só parte da angústia de uma criança perfeccionista.
com as letras minúsculas não tinha problema, mas algumas maiúsculas eram realmente inimigas. guerreava com duas ou três que me incomodavam profundamente, as quais, no meu entendimento, eu grafava de forma torta, errada.
depois de alguns anos nessa briga constante, por alguma estranha associação, percebi que isso provavelmente era um sinal, e que não deveria me relacionar (no sentido amplo) com pessoas que tivessem seus nomes começados por essas letras.
por algum tempo foi assim.
depois de ponderar, e chegar a conclusão de que essa atitude era muito radical, aderi a uma versão mais leve da teoria. a segunda fase foi simplesmente saber que eu teria mais dificuldade em lidar com pessoas cujos nomes começassem com essas letras. o restante, por conseqüência, seria de fácil convivência.
muitos anos, muitos calos e muitos grafites depois, sem explicação aparente, passei a grafar tais letras de forma certa, ao menos o suficiente para me deixar satisfeita com elas.
era o fim da maldição.
as vezes me pergunto de onde partiu a solução, se as letras melhoradas me entusiasmaram a simpatizar com as pessoas à elas relacionadas, ou se as pessoas relacionadas à elas influenciaram a melhora das letras...
vai saber!
eu não sei.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

dias?

por algum motivo que não sei bem qual (auto-avaliação constante, auto-crítica, ou qualquer coisa nessa laia), no final de alguns dias penso que deveria ter feito coisas bem diferentes das que fiz, geralmente no sentido de ter aproveitado melhor o tempo, feito mais coisas.
hoje foi atípico.
tudo que acho é que deveria ter passado o dia plantando bananeira, de ponta cabeça.
não entendeu? é, eu também não.

domingo, 7 de setembro de 2008

seres?

tempos atrás, em épocas pueris, morando em outro lugar, coisas singulares aconteciam.
uma delas era relacionada às intempéries ventosas da natureza.
mesmo que não fossem rajadas de muita intensidade, ainda assim, acontecia toda vez que ventava.
o que? bem... o vento fazia um som muito curioso. vezes parecia uma voz chamando alguém, vezes parecia pessoas conversando, vezes parecia um grupo de peregrinos de passagem.
imaginava seres com capas e capuzes brancos, mas cobertos de tal forma que o rosto ficava na penumbra e não era possível distinguir suas feições. sempre tive a convicção de que eram esses seres do vento passando com seus enormes mantos que provocavam a agitação, e dependendo de seu humor, ou da quantidade de seres, resultava em um tipo de som: um canto, um monólogo, um chamado, ou uma tranqüila conversa entre amigos de longa data.
sempre simpatizei com eles.
além do vento, algo me dizia que eles traziam coisas boas de terras distantes.

sábado, 6 de setembro de 2008

anti?

há pouco tempo descobri que meu cabelo tem vontade própria.
já faz algum tempo que não deixava ele crescer tanto quanto agora. dia desses, quando fui prende-lô, senti uma coisa esquisita na ponta, mas, nada mais normal pra quem não corta o cabelo há meses.
analisando o problema mais de perto, vi que ele começou a se recusar a crescer. é, exatamente isso. chega em determinada altura que ele simplesmente dá meia volta, e começa a fazer o caminho contrário, ou seja, voltando pra raiz, em um movimento anti-gravitacional. parece que algo repele ele, como um campo magnético.
mas que diabos se passa?

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

cheiro?

estado de ânimo tem cheiro? alguns dos meus têm. um deles é a criatividade.
toda vez que vou ter um surto de criatividade, ele é antecedido por um cheiro bem característico, que provavelmente só 'acontece' dentro do próprio cérebro.
esse cheiro é o cheiro das bienais. toda bienal tem um cheiro. as instalações podem ser de areia, de chocolate, de plástico, mas, é sempre o mesmo cheiro. e é esse cheiro de bienal que sinto quando, nos próximos instantes, vou criar alguma coisa.
pelo jeito, por livre associação, me considero uma artista.
vai entender...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

céu?

em dias assim, nublados, sinto que o céu desce. tenho a impressão de que o teto do mundo fica mais baixo. junto vem a sensação de que tudo está mais próximo, a ponto de quase me sentir sufocada, como se pudesse ouvir os pensamentos de outros, e os outros pudessem ouvir os meus. como se a ligação mundo-ser fosse estreitada. como se os espaços entre objetos e pessoas tivessem sido comprimidos, e visualmente continuassem os mesmos ao qual estamos habituados por alguma espécie de ilusão óptica.
nesses dias, os olhos que tudo vêem ficam mais perto, fico exposta a observação constante, perco momentaneamente a sensação de privacidade, sou julgada a cada passo.
é em dias assim que tudo e todos se amontoam dentro de uma cúpula de vidro, constantemente observada por gigantes.
paranóia pouca é bobagem!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

casa?

acredite se puder: as paredes da minha casa têm pulsação própria.
muito acontece de no meio do silêncio entediante (ou não) da madrugada surgir uma vibração inexplicável que se espalha pelas paredes e chega até a minha mesa, a ponto de eu achar que é o celular tocando (este sempre programado no vibracall).
possível?
não faço a menor idéia!
só sei que é assim.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

mão?

estranho é quando acabo de acordar e vou pegar alguma coisa ainda meio dormindo, como o celular. quando abro o olho (depois de desistir do tato) e vejo aquela mão em busca do objeto inanimado, tenho a nítida impressão de que aquela mão pertence a uma segunda pessoa... como se eu estivesse atrás de uma tela assistindo a um filme, e não tivesse absolutamente nada a ver com a cena; ou, como se outra pessoa estivesse manipulando meu corpo.
weirdo, han?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

mente?

comentando sobre déjà vu, e pensando sobre a vida, acabei de ter o déjà vu mais estranho dos últimos tempos.
não envolvia acontecimento, mas o próprio pensamento. eu pensava que realmente se tratava de uma situação difícil, e de um momento decisivo, mas apesar disso estava tranqüila em relação ao rumo que teria. na seqüência visualizava elfos e fadas voando. o próximo tópico era relacionado a paredes de vidro... e assim foi.
agora, imagine um déjà vu acontecendo sobre um pensamento, e o pensamento correndo paralelo ao déjà vu, sendo um idêntico ao outro. a sensação é como duas de mim pensando a mesma coisa, e uma olhando pra outra; ou de separação dos dois hemisférios do cérebro, como se cada um estivesse pensando a mesma coisa, no mesmo momento, mas independentes, e cada um resolvendo as questões do pensamento de acordo com suas especialidades; ou ainda, como se meu eu futuro estivesse lembrando o que eu estava pensando ao mesmo tempo em que meu eu presente estava efetivamente pensando, em um momento de encontro das duas dimensões.
será que isso foi realmente um déjà vu?
não sei!
o que sei é que, provavelmente, tudo isso quer dizer que minha sanidade tá por um fio.